Eu levei mais tempo do que devia pra começar a escrever esse texto. Eu provavelmente não deveria estar aqui fazendo-o. É que sempre se torna muito mais fácil a gente guardar o sentimento pra si e nunca falar abertamente sobre, até que aconteça algo que torne impossível de falarmos pessoalmente sobre aquilo.
Se me perguntarem como a nossa amizade começou, eu digo, na mesma hora: começou porque era pra ser.
Como, no meio de tanta gente que se alista, logo dois vizinhos de bairro iriam se encontrar. Com um empurrão do cara lá de cima. Se eu fosse falar sobre o início de tudo, eu diria que foi intenso, né? Eu tava passando por tanta coisa na época, você também, e só vivia cansado ainda por cima.
Algo que eu nunca vou esquecer, e que realmente me pegou agora de manhã, é o fato de que eu usava esse mesmo blog à época e você me dizia que me via velho, escrevendo, com um copo de uísque. Eu só não estou bebendo porque são 9:25 da manhã, mas o de ontem à noite conta?
A gente viveu tanta coisa nesses 11 anos de amizade recém-completos que fica difícil de definir qual foi o ponto mais importante, já que foram tantos. Teve quando a gente levou meu irmão pra fazer trilha e ele se cagou de medo quando chegamos na beirada do Andaraí Maior.
Tiveram a vez que pegamos o carro da minha mãe sem pedir e eu não tinha carteira ainda. Os aniversários meus que tu ia e os teus que eu tive dificuldade de ir recentemente e eu sempre ligava antes dizendo que não iria.
Foram tantas miudezas e grandiosidades que eu realmente não sei dizer mais muita coisa. Talvez eu não envelheça a ponto de ser o velho escritor e bebedor de uísque, até porque o dom da escrita tem me fugido um pouco mais a cada dia.
Mas você pode ter certeza que eu serei o amigo que não esquece.
Não vou esquecer dos milhões de estilos capilares que você apresentou, das infinitas vezes que tu me sacaneou sobre minha barba, das poucas vezes em que seu joelho te permitiu jogar uma pelada comigo e das 3 vezes que tentamos emagrecer correndo no Engenhão junto com uma tentativa de eu te usar como ajuda pra prática de Futebol Americano.
Vê, a escrita tem me abandonado, tal qual eu a ela, a ponto de eu não saber como terminar esse texto. Talvez porque eu não queira também acreditar que tua vida tenha terminado.
Um dia eu juro que termino esse texto, meu amigo. Juro.
Por agora, fica um pedido: vai com Deus.